Conversa minha comigo

Busca-se o ar
mas ele não entra

Dói como se me afogasse
como se o peito serrado fosse
como se a vida ali parasse

Dói como nunca mais havia doído

A lágrima nos olhos não cessa
E o soro delas a boca amarga
À tona vem a repulsa de outro
Aquele que te afasta em silêncio

Levanta-te em dúvidas
Repousa-te em certezas
E nada aplaca o infernal
zunir dos ofegantes suspiros

Súplicas são emitidas
ao teto que se fecha
aos lados que se aproximam
ao chão que se ausenta

Tudo enfim se omite
Será esse o limite?

Ergo-me em compreensão
mas mesmo eu preciso de segurança
ou me consumirei em perguntas
que não me deixarão dormir

Dos tolos, sou o mais sábio
Dentre os sábios, o mais idiota

És o melhor e o mais tolo, de fato
Por isso mesmo passarás sozinho
o intermitente virar dos minutos
que deságuam em horas agonizantes

Nem mesmo os densos
suportarão o peso da tua
convivência

És tão denso que teu peso
deixará o outro leve
ao se ver livre

E eu sei disso

A palavra que trazia conforto
agora é recebida como golpe
De tão certo, erras na dose
e o que era um doce remédio
agora se transforma no mais
amargo dos venenos

Sou a pior melhor companhia
que você não precisa ter agora

Apenas meia garrafa te resta
E uma noite inteira se levanta
Passarás por isso sóbrio
Bem-vindo de volta
Teu lugar de sempre
o aguarda

Pois dói
como nunca mais havia 
doído

( Poema do Felipe Voigt, ele escreve de uma maneira magnifica me identifiquei com esse poema

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